O que a realidade hoje nos mostra é uma massa crítica minguante, a roçar os mínimos; uma elite cada vez mais conservadora e fechada; um ambiente cada vez mais hostil para pequenas e médias empresas. Neste cenário, o que faz o Estado? Corta subsídios e apoios, reduz despesa, contrata menos serviços e paga menos por eles. É o Estado das contas certas, como é agora moda também no Ocidente. Mas não é, de facto, uma estratégia que promova diversificação e crescimento.
Quanto ao plano internacional, é verdade que até criou algumas redes de negócio e de conhecimento bem estabelecidas: académicas, bancárias, jurídicas, e até de comunicação – para citar as mais óbvias. Não se vê, contudo, qualquer impulso sério ou perspetivas de uma mudança de paradigma que possam verdadeiramente alterar o perfil da oferta de empregos ou o volume de negócios nesta área. Já os constrangimentos políticos, esses, são mais que óbvios. Uns por dificuldades próprias do sistema, outros por força do perfil dos protagonistas, avessos ao contacto externo; e agora os bloqueios externos à expansão chinesa – que afetam o papel de Macau como hub, ou mediador.
Não é um mundo brilhante, este que Ho Iat Seng conduz a caminho do final de mandato. Não é que dele se esperasse grande rasgo na mudança; ou que fosse dele a missão virar o mundo ao avesso. Não seria justo cobrar-lhe isso. Mas a urgência de tanta coisa, que continua por acontecer, torna mais grave cada prolongamento.
Este também não foi, decisivamente, um grande ciclo de liberdades. Nem no seio da Administração Pública, cada vez mais hierarquizada, e atada; nem na sociedade civil em geral, cada vez mais calada e defensiva. E esse mau ambiente também acelerou depois do Covid, como se toda a gente se tivesse habituado a um estado definitivo de exceção.
O vice-presidente da Associação de Sinergia de Macau descreve que durante a pandemia o Governo parecia uma “máquina exausta” e que, embora tenha alcançado alguns sucessos – como a compra rápida de máscaras no início da crise -, a sua “real capacidade” foi exposta com o agravamento da pandemia.
Na sua opinião, a introdução de certas medidas económicas demonstraram que o Governo não estava suficientemente próximo do povo. “Após três anos de pandemia, a confiança da população no Governo foi descendo. Isto aconteceu porque muitas das políticas não foram práticas, com as autoridades a ficarem cada vez mais distantes, seja em termos de prevenção, assistência financeira ou mesmo de recuperação económica. O resultado foi insatisfatório”, conclui. Além disso, destaca que o Governo “não foi responsabilizado e parece que a comunidade tem de aceitar e apoiar tudo o que foi feito. Realmente, muitos pontos foram perdidos pelo Governo, culminando numa interação entre a sociedade e o Governo cada vez menor, com menos confiança mútua.” Ian, que já foi jornalista, vê também menor interação entre os funcionários do Governo e os meios de comunicação e algumas organizações. “O Governo tem pouca interação com o público, mesmo com grupos considerados apoiantes do Governo. Até esses consideram haver uma crescente sensação de distanciamento. Existem muitas políticas públicas, como as medidas de prevenção e recuperação pós-pandemia, que estão longe do que a opinião pública deseja.”
Por isso, espera que o Chefe do Executivo “possa realmente trazer uma mensagem de responsabilização e aproximar-se do povo quando falar aos deputados. Temos de impedir que a confiança mútua entre o Governo e o público diminua, caso contrário, será difícil levar adiante quaisquer planos ambiciosos, pois a sociedade não vai confiar em nada que venha do Governo. Esta é a mensagem que deve ser transmitida.”
Francis Choi, comentador de assuntos sociais, sente que a liderança executiva é menos flexível que a anterior, dado que muitas vezes não parece disposta a ouvir as opiniões da população. “Quanto mais um governo acredita na sabedoria e participação de público, mais esclarecido e inteligente será, além de melhorar a sua capacidade de governar”. “O que preocupa as pessoas agora é se haverá alguém em Macau que possa ter feito alguns discursos, participado em algumas reportagens, ou descoberto algumas informações que, ao serem divulgadas publicamente, possam violar a Lei da Segurança Nacional, revelar algum segredo de Estado, ou sejam consideradas crime de secessão.
Leong espera que o Governo articule claramente a direção e os planos para o desenvolvimento futuro de Macau. “O que Macau quer fazer no futuro? Acho que não podemos simplesmente dizer que nos vamos integrar na Grande Baía, como se todos os problemas fossem resolvidos por essa integração. Existem muitos passos intermediários a dar e acho que é importante falar sobre uma direção que as pessoas considerem viável e realmente benéfica.”
https://plataformamedia.com/2023/04/14/ho-iat-seng-na-assembleia-para-reconquistar-populacao/
ntem também se ficou a saber que Jason Ho Kin Tong não foi o único descendente em primeiro grau de Ho Iat Seng nomeado para lugares públicos.
Numa publicação nas redes sociais, o deputado José Pereira Coutinho partilhou outro despacho em que Ho Hoi Kei, filha de Ho Iat Seng, foi nomeada pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, para o Conselho da Juventude. A nomeação foi feita em Maio deste ano, e Ho Hoi Kei foi escolhida como representante no conselho da Associação Industrial de Macau. A associação é de resto muito ligada a Ho Iat Seng, que era um dos membros mais influentes antes de ser tornar Chefe do Executivo.
Na mensagem nas redes sociais, José Pereira Coutinho comentou também de forma irónica o tema das nomeações: “Muitos Parabéns! Agora só falta nomear netos, sobrinhos, enteados, primos, amigos próximos, vizinhos, condutores, criados, jardineiros, etc.”, escreveu.
https://hojemacau.com.mo/2022/09/02/fdtc-recusada-ilegalidade-na-nomeacao-do-filho-de-ho-iat-seng/
Lawmaker José Pereira Coutinho has slammed Chief Executive Ho Iat Seng’s act of appointing his son to the Science and Technology Development Fund (FDCT), but the fund defended the legality of the decision in a statement.
The appointment of Jason Ho Kin Tong, the son of the head of the government, was announced in an Executive Dispatch dated August 26. The designation took effect yesterday according to the same dispatch.
A decisão, muito clara, de Macau continuar de fronteiras fechadas, confirma o pior cenário possível – embora já esperado. Em termos económicos, mas também políticos e psicológicos, esta falsa esperança de andar para a frente esbarra numa lógica, que como diz o editorial aqui ao lado, expirou. Neste tema, Ho Iat Seng não tem mesmo autonomia. Por razões que até se compreendem, no contexto nacional do combate à Covid-19. Por razões diferentes – mas não menos decisivas – também a renovação das concessões de jogo é conduzida por Pequim. https://www.plataformamedia.com/2021/11/19/jogo-pandemico/
osé Pereira Coutinho voltou ontem à carga, criticando a forma como o Governo tem actuado relativamente “às questões estruturantes por resolver” na Função Pública. Na réplica, o Chefe do Executivo pediu cautela ao deputado, acusando-o de fazer generalizações que podem “magoar” os funcionários públicos. “Já oiço essas questões há quase 10 anos. Nada de novo e o deputado continua a insistir. Já estou habituado. Nunca varremos os problemas para debaixo do tapete”, começou por dizer Ho Iat Seng.
O líder da RAEM recordou depois a forma como os funcionários públicos têm ajudado nos trabalhos de combate à pandemia. “Não posso concordar quando diz que o moral está baixo. Creio que o deputado está a magoar os funcionários públicos. Está a dar esse ponto de vista de forma radical. Em mais de 35 mil trabalhadores, pode haver alguns cujo moral esteja relativamente baixo. Peço para não afectar e magoar os nossos funcionários públicos”, atirou.
“Peço para ver e analisar a situação e que não tome apenas uma parte ou minoria e a alastre para toda a equipa da Função Pública”, acrescentou.
Outra questão levantada por Coutinho tinha que ver com a decisão de não atribuir as 7.000 patacas do fundo de previdência central aos idosos. “Como Chefe do Executivo tenho de cumprir a lei. Não vou abusar dos meus poderes. Temos de ter saldo positivo para poder atribuir esse valor aos idosos. Anda sempre a pedir responsabilidade e agora vou pedir ao director para violar a lei para depois ser acusado pelo senhor deputado?”, questionou.
“Alguns governantes dedicam mais esforços além fronteiras e esquecem os problemas locais. Fazem ouvidos moucos. O moral da Função Pública é o mais baixo de sempre e os problemas são varridos para debaixo do tapete. Este é o triste cenário em que nós vivemos e a imagem do Governo vai-se degradando”, tinha dito Coutinho. https://jtm.com.mo/local/coutinho-acusado-de-magoar-funcao-publica/
mar21
Atrasos e derrapagens orçamentais? “Não sei porque é que me estão a chatear com esse problema”. Raimundo do Rosário não gostou que a deputada Agnes Lam o tivesse questionado sobre as derrapagens orçamentais e atrasos nas obras públicas. O secretário para os Transportes e Obras Públicas disse que a pergunta era injusta devido ao trabalho que o Governo tem feito e adiantou que as derrapagens orçamentais nas obras públicas estão abaixo dos 5%, o que, para Raimundo do Rosário, “é muito bom”.
mar21 (VER CRITICAS AO GOVERNO EM CORONAVIRUS, há mais entradas e algumas que estão lá não estão aqui))
Vários deputados e líderes associativos criticaram ontem o modelo escolhido pelo Governo para promover o consumo e estimular a economia. Cloee Chao entregou mesmo uma petição a pedir o cancelamento da iniciativa, e Jorge Fão diz que o “Zé Povinho” foi relegado para segundo plano. https://hojemacau.com.mo/2021/03/17/cupoes-de-consumo-originam-criticas-e-entrega-de-peticao/
The third round of the government’s stimulus package is expected to be efficacious in stabilizing Macau’s economy and employment rate, but it should be extended to travelers to generate a more forceful momentum, Kwan Fung, assistant professor in the Department of Economics of the University of Macau (UM), told the Times in a phone interview yesterday. https://macaudailytimes.com.mo/stimulus-likely-to-stabilize-market-but-more-explanation-needed-scholar.html
The Macau Gaming Staff Rights Association yesterday submitted a letter to the Chief Executive expressing the group’s dissatisfaction with the government’s latest stimulus rollout, which was announced on Monday. https://macaudailytimes.com.mo/gaming-industry-staff-association-slams-latest-govt-stimulus.html
O terceiro pacote de estímulos à economia apresentado por Lei Wai Nong na segunda-feira passada distinguiu-se, em grande parte das medidas implementadas ano passado, na forma como o Governo irá proporcionar benefícios aos consumidores na forma de cupões de descontos até ao final do ano. Para além da entrega mais cedo dos cheques pecuniários e de mais apoios à formação de desempregados, a terceira ronda de apoios tem dividido opiniões na sociedade por ser restrita a pagamentos electrónicos por telemóvel, e por obrigar os consumidores a gastar o triplo para obter vantagens, seguindo a filosofia da indústria do jogo em que “a casa ganha sempre” https://pontofinalmacau.wordpress.com/2021/03/18/nova-ronda-de-apoios-podera-beneficiar-consumo-atraves-do-efeito-multiplicador-dizem-economistas/
Sofisticado e inevitável, mas suscetível de criar dúvidas. O plano de incentivo ao consumo apresentado esta semana pelo Governo arranca elogios aos economistas, mas teve o raro condão de unir deputados de diferentes margens do espetro político nas críticas ao Executivo. Uns e outros temem que o pacote de medidas agora proposto peque pela falta de inclusividade e possa hostilizar quem mais precisa de apoio. https://plataformamedia.com/2021/03/20/a-cavalo-dado-nao-se-olha-o-dente/
Legislator Au Kam San is planning a public protest for March 28 against the government proposed consumer voucher scheme. According to an announcement on his Facebook page, the directly elected legislator has already notified the Public Security Police Force (CPSP) that the protest will depart at Tap Seac Square at 4:00pm on March 28 and end at Macau SAR Government Headquarters in Avenida da Praia Grande. https://www.macaubusiness.com/legislator-au-kam-san-planning-protest-against-consumer-e-voucher-plan/
A terceira ronda de apoios financeiros deverá ser adiada devido à falta de consenso social. O Chefe do Executivo pediu desculpa pelo descontentamento causado com a questão dos cupões de consumo, salientando que o plano não é uma medida de apoio financeiro, mas sim para impulsionar a economia local. Ho Iat Seng indicou que a proposta sobre cupões de consumo vai ser debatida na Assembleia Legislativa. O Chefe do Executivo pediu ontem desculpa pela polémica causada pelo plano de cupões de consumo. À margem da recepção ao novo comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Ho Iat Seng admitiu que a terceira ronda de apoios financeiros que foi anunciada há mais de uma semana gerou muitas opiniões e algum descontentamento. “Por parte do Governo, peço desculpa. Talvez, a elaboração do plano carece de avaliações completas. Os cidadãos acham que é muito complicado usar estes cupões. O nosso objectivo é claro: queremos impulsionar a economia”, afirmou. https://jtm.com.mo/local/chefe-pediu-desculpa-por-insatisfacao-cupoes/
A Polícia de Macau impediu este domingo a realização de um manifestação contra o plano de descontos em pagamentos electrónicos, noticia a TDM em língua portuguesa. A Praça do Tap Seac, bem no centro da cidade, esteve, esta tarde, cerca de duas horas e meia com acesso condicionado ao público. Segundo os relatos da imprensa local, dezenas de efectivos da Polícia de Segurança Pública (PSP) foram mobilizados para o local para evitar a manifestação contra o plano de descontos em pagamentos electrónicos. A TDM explica que, ontem à última hora, esta manifestação não recebeu autorização da PSP, a pretexto da pandemia de Covid 19, e da actualização para quinhentos do número de participantes. https://rr.sapo.pt/2021/03/28/mundo/policia-impede-manifestacao-em-macau-e-detem-duas-pessoas/noticia/232316/ O protesto planeado para a tarde ontem por Au Kam San, com o objectivo de pedir a substituição de cupões por cartões de consumo, foi proibido pelos Serviços de Saúde. O organismo justificou a decisão com os riscos associados à pandemia. Apesar de ter cooperado com o Governo no cancelamento da concentração, Au Kam San criticou a decisão, classificando-a como “absurda” https://jtm.com.mo/local/servicos-de-saude-travaram-protesto/
Uma coisa é certa: o Executivo não quer manifestações. Seja por isso ou por aquilo, simplesmente não está para aí virado. E, sabendo que se trata de um direito expresso e garantido pela Lei Básica, vai-se servindo de vários argumentos legais para as proibir. O covid pode até ter vindo a calhar mas não pega.
Claramente o Governo prefere resolver os problemas sem o uso de megafones, através de conversações, de consensos, de diálogo à porta semi-fechada. Contudo, talvez fosse bom pensarem também que, para manter a harmonia, são necessários escapes através dos quais o descontentamento popular possa ser expressado. E manifestações deste tipo não parecem apresentar perigo por aí além para a ordem social da cidade. https://hojemacau.com.mo/2021/03/29/a-rua-anda-perigosa/
mar21
Uma reunião com a DSAL para acompanhar os pedidos de apoio de 517 residentes desempregados acabou numa demonstração de descontentamento, que levou ao corte da Avenida Dr. Francisco Vieira Machado. Pereira Coutinho aponta o dedo ao secretário para a Economia e Finanças por permitir o trabalho de TNR e diz que é “normal” os ânimos exaltarem-se quando é difícil sustentar a família
https://hojemacau.com.mo/2021/03/15/desemprego-reuniao-na-dsal-acaba-em-manifestacao-e-corte-de-estrada/
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