Wednesday, January 5, 2022

Balanço 2021 (balanços..)

Ab22

Afinal, foi isso que garantiu a profusão de eunucos nas vernissages, e a estabilidade e a harmonia social, cada vez mais colocadas em crise pela política de tolerância zero, o impacto das medidas anti-epidémicas, o atraso na vacinação contra a Covid-19, o descontentamento de vastos sectores laborais, o crescente desemprego, a inflação, a queda abrupta das receitas do jogo, o encerramento de salas vip e casinos, a partida de famílias, de técnicos e de dezenas de professores de nacionalidade estrangeira que não poderão ser substituídos por outros estrangeiros, a falta de políticas estruturais de diversificação económica que ultrapassem o patamar do discurso e das boas intenções, as evidentes dificuldades de integração na Grande Baía e o subtil esmorecer do projecto “uma faixa, uma rota”.

https://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/a-independencia-judicial-e-um-ramo-do-13892439


fev 22

O Chefe do Executivo referiu, em balanço que, “o Governo após pouco mais de dois anos, tem orientado a equipa governativa a elevar a consciência de grande conjuntura, liderando a equipa dos funcionários a obter resultados nos trabalhos da promoção do desenvolvimento da diversificação adequada da economia de Macau”

De seguida, na nota do Gabinete de Comunicação Social, é dito que apontou que os trabalhos desenvolvidos têm sido “altamente reconhecidos pelo Presidente Xi Jinping e pelo Governo Central”.

Como metas para o futuro, sublinhou as quatro exigências fundamentais para este ano: Acelerar a diversificação económica e concretiazar os trabalhos de prevenção da epidemia; Aperfeiçoamento contínuo das acções em prol do bem-estar da população e implementação firme do governo electrónico; Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin e participação activa na conjuntura de desenvolvimento nacional; Elevação do nível de governação pública e promoção da implementação do plano de produção legislativa. https://www.plataformamedia.com/2022/02/28/ho-iat-seng-faz-balanco-positivo-da-governacao-e-quer-mais-para-2022/


 fev22

Ao concluir os trabalhos concretizados no ano passado, o Chefe do Executivo da RAEM assegurou que o princípio de “Macau governado por patriotas” foi bem implementado e registou-se um desenvolvimento social estável e positivo no território devido à “realização com sucesso das eleições da Assembleia Legislativa”, à optimização do quadro legal da segurança nacional, bem como às acções de controlo da pandemia. Ho Iat Seng salientou ainda que vai impulsionar mais o desenvolvimento da Zona de Cooperação em Hengqin. Durante um evento organizado pelo Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, o director Fu Ziying reiterou que a RAEM deve defender firmemente a jurisdição geral do Governo Central e promover a passagem do patriotismo de geração em geração como orientações para o desenvolvimento futuro de Macau. Apesar da continuação da pandemia, que fez com que o ano passado fosse um ano “manifestamente invulgar”, o Chefe do Executivo destacou a recuperação gradual da economia em Macau e o “desenvolvimento social tendencialmente estável e positivo”, graças aos trabalhos de prevenção e controlo da pandemia e de recuperação socioeconómica coordenados pelas autoridades locais, com “liderança e apoio do Governo Central”. “O Presidente Xi Jinping e o Governo Central manifestaram o seu pleno reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pela RAEM ao longo do ano passado, asseverando que o Governo Central continuará a apoiar Macau na promoção activa de uma diversificação adequada da economia, e esperam que a RAEM continue a escrever um novo capítulo na prática bem-sucedida do princípio ‘Um País, Dois Sistemas com características de Macau”, defendeu. Por outro lado, a pandemia, além de ter afectado a população, permitiu ainda aos sectores locais “conhecer melhor os problemas existentes na estrutura económica”, o que levou à sociedade a reflectir profundamente sobre a direcção do desenvolvimento de Macau. O Chefe do Executivo reiterou que vai prestar este ano mais esforços nas acções de prevenção e controlo da epidemia e em acelerar a diversificação adequada da economia, bem como impulsionar o desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin. https://pontofinal-macau.com/2022/02/17/ho-iat-seng-destaca-implementacao-de-macau-governado-por-patriotas-e-desenvolvimento-positivo-da-raem/



dez20

Um líder com fibra, autoritário mas expedito, a quem a SARS-CoV2 deu a oportunidade de demonstrar uma liderança forte e decidida. Ho Iat Seng chega ao fim do primeiro ano de mandato com níveis de popularidade imbatíveis, embalado pelo sucesso alcançado pelo Governo no combate à pandemia. O próximo ano, avisam analistas ouvidos pelo PLATAFORMA, poderá, no entanto, não ser tão pródigo. A recuperação económica na era pós-Covid é o maior dos desafios que Ho tem pela frente, numa equação que se deverá complicar com as eleições legislativas de setembro próximo

“A pandemia teria sido, por si só, uma espécie de maldição, mas é uma maldição que acaba por se revelar para Ho Iat Seng como uma coisa boa, na medida em que lhe deu a hipótese de mostrar à população um Chefe do Executivo com fibra suficiente para colocar cobro a esta situação”, considera Miguel de Senna Fernandes. 

“Ho Iat Seng esteve à altura do desafio no sentido em que teve a coragem, teve a visão suficiente para, num primeiro momento, determinar aquilo que determinou. Está de parabéns e julgo que isto é unânime, a população revê-se nesta decisão tão determinante e tão corajosa da parte dele”, complementa o advogado e dirigente associativo.

Um primeiro estudo, conduzido em meados de Fevereiro pela Associação de Pesquisa e Sondagens de Macau indica que 9 em cada 10 residentes estão satisfeitos com as medidas adotadas. O encerramento dos casinos, recorda Eilo Yu, é a primeira de uma série de decisões estratégicas que ajudaram a RAEM a manter-se à margem da Covid-19. 

“A pandemia transferiu a atenção da população da perspetiva do desenvolvimento económico e do crescimento para a sobrevivência da cidade. E a verdade é que Ho Iat Seng conseguiu gerir a crise e convencer a população de que a liderança da RAEM está bem entregue”, defende o professor de ciência política da Universidade de Macau. 

“O momento decisivo do primeiro ano de mandato foi, no início do ano, quando anunciou o programa de distribuição de máscaras aos residentes e a decisão de encerrar a fronteira com a China para travar a pandemia”, sustenta o académico.

Com as fronteiras fechadas e as salas de jogo virtualmente sem clientes, a economia agoniza e o Governo anuncia um vasto pacote de medidas financeiras que tranquilizam a população. Um abrangente plano de incentivo ao consumo, concebido para ajudar a manter à tona restaurantes e outros pequenos negócios rendem pontos a Ho. No início de Outubro, meses após a deteção do primeiro caso de Covid-19 no território, uma nova sondagem mostra que quase 95 por cento dos residentes estão satisfeitos com o desempenho do Governo na luta contra a pandemia e os elogios chegam até de quadrantes e vozes habitualmente críticas. “A pandemia limitou a ação e intervenção do Chefe do Executivo, pondo de imediato a nu as competências do atual Executivo nos momentos de crise que se atravessava, em que se exigiam medidas efetivas e eficazes, nomeadamente ao nível económico e social”, admite José Pereira Coutinho. “De uma maneira geral, logo no início do mandato, o Chefe do Executivo esteve bem ao controlar o impacto da Covid-19, sabendo que não podia falhar face ao estado de rutura do atual sistema de saúde pública”, assevera, no entanto, o também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).

Um líder forte, decidido, autoritário

A adoção de uma política de envolvimento e de medidas cirúrgicas quer para travar a pandemia, quer para impedir o colapso total do tecido económico do território fez de Ho Iat Seng o mais popular líder na ainda breve história da RAEM, mas o estado de graça em que o Chefe do Executivo ainda se encontra mergulhado ofusca, no entender de Leung Kai Yin, a forma implacável e, em grande medida, autoritária como o Governo geriu a resposta à Covid-19. Para o especialista em administração pública, a pandemia brindou Ho com a possibilidade de explanar o poder e a autoridade, um traço de caráter que se deverá manter intocado ao longo de todo o mandato. 

“Algumas das medidas tomadas foram tremendamente populares, como a aquisição de máscaras de proteção em Portugal, o encerramento dos casinos ou a decisão de reservar hotéis para o cumprimento da quarentena. Adotou uma política de envolvimento para impedir que a pandemia se propagasse a Macau. A população de Macau ficou convicta de que Ho é um líder forte e decidido”, explica Leung Kai Yin. “É um líder autoritário. É alguém que defende e encoraja o autoritarismo e faz uso dessa visão para governar Macau. Quer construir desde cedo uma imagem de um líder forte. Do seu ponto de vista, a existência de muitas vozes críticas ou contrárias atrasa a implementação das políticas definidas pelo Governo (…) Nesta perspetiva, a pandemia, apesar de ter sido desastrosa para Macau, constituiu uma boa oportunidade para Ho Iat Seng”, adianta o académico. 

No início de junho, a detenção de duas jovens, filhas do deputado Au Kam San, que assinalavam em silêncio, no Largo de São Domingos, o 31o aniversário do Massacre da Paz Celestial belisca a lua-de-mel entre o novo Governo e a população. Sob o pretexto de manter Macau a salvo da pandemia, as autoridades proíbem, pela primeira vez em três décadas, a habitual vigília do quatro de junho. Semanas mais tarde, a imposição, por parte do Governo Central, da Lei da Segurança Nacional na vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong coloca inevitavelmente a questão na ordem do dia também no território. “O caos de Hong Kong fez disparar os alarmes e a sensibilidade do Governo Central, que decidiu promulgar a Lei da Segurança Nacional na RAEHK. Macau deu recentemente sinais de que se prepara para apertar o sistema de segurança nacional, de forma a prevenir-se da eventual infiltração de elementos separatistas, quer de Hong Kong, quer de Taiwan”, assevera Sonny Lo Shiu-hing. “Os protestos em Hong Kong não afectaram a administração de Ho Iat Seng, mas o Governo necessita, no entanto, de melhorar os mecanismos da Segurança Nacional de acordo com os desejos do Governo Central em Pequim”, adverte o cientista político.

O peso político da economia

Para o ativista Jason Chao, a obsessão com a inviolabilidade dos preceitos da Lei da Segurança Nacional atenta contra a capacidade de formar novas gerações com capacidade crítica e pode, a longo prazo, revelar-se tóxica para os interesses do território. “As lições adquiridas com Hong Kong têm ensinado o Governo e os responsáveis de Macau a abafar qualquer sinal de dissidência ou a capacidade de pensar criticamente entre os jovens, especialmente entre os estudantes. As estratégias de vigilância vão intensificar-se. Macau tem de se apresentar a si mesmo como uma história de sucesso ao abrigo do princípio “Um País, Dois Sistemas”, alerta o antigo dirigente da Associação Novo Macau. “No entanto, a criatividade e o pensamento crítico têm grande valor económico no processo de diversificação da economia de Macau. Pergunto-me como é que a obediência que é exigida aos jovens pode andar de mãos dadas com a necessidade de fomentar novos setores de desenvolvimento viáveis em Macau a longo prazo”, questiona o activista pró-democracia, atualmente radicado na Alemanha.

Se é verdade que a crise de saúde pública motivada pela Covid-19 deu o mote à governação de Ho Iat Seng, para muitos dos analistas ouvidos pelo PLATAFORMA os verdadeiros testes à capacidade governativa do Chefe do Executivo só se deverão manifestar no pós-pandemia. O relançamento da economia, sustentam, será em mais do que um aspeto, o maior dos desafios que Ho Iat Seng terá pela frente. “É certo que se a economia se mantiver numa trajetória descendente durante os próximos anos, o Governo de Macau vai ter de enfrentar uma grande pressão e adotar medidas mais austeras que, provavelmente, irão desencadear o descontentamento da população e, como tal, roubar legitimidade ao Governo da RAEM”, sustenta Eilo Yu.

O estado-de-graça de que goza o Chefe do Executivo, prognostica por sua vez Leung Kai Yin, tem os dias contados. Com o desemprego a aumentar e a insatisfação a crescer, o especialista em administração pública antecipa novas dificuldades para Ho Iat Seng, ou não fosse 2021 ano de eleições. “O escrutínio para a Assembleia Legislativa será organizado no próximo ano. Todas as associações vão exigir do Governo que faça mais pelas pessoas. Mesmo as associações pró-governo vão abordar de forma mais crítica o Executivo. A meu ver, as eleições legislativas serão um fator crucial para o Governo liderado por Ho Iat Seng. Vai enfrentar uma série de desafios da parte de diferentes organizações”, antevê Leung.  “Aquilo que me parece é que a lua-de-mel entre Ho Iat Seng e a população de Macau chegou ao fim”, remata o académico. 

https://www.plataformamedia.com/2020/12/19/lider-do-povo-homem-do-ano/